domingo, 20 de janeiro de 2013

Tromboembolismo Arterial Felino

Tudo começa assim: seu gatinho está relativamente bem, pode até ter manifestado uma falta de apetite  ou talvez, uma leve apatia, mas, em termos gerais, ele parece  bem, então, de forma repentina, ele fica paralisado dos membros posteriores e apresenta dor intensa. Bem, é desta forma que geralmente o tromboembolismo arterial se apresenta. Para muitos proprietários parece que o animal foi atropelado, ou sofreu um trauma. Esta é uma condição difícil, sendo um desafio para muitos veterinários. Mas, vamos conhecer um pouco mais sobre esta doença!

Doença de início geralmente repentino, o tromboembolismo é uma emergência clínica e está, na grande maioria dos casos, relacionado a uma cardiomiopatia (doença na qual os músculos do coração ficam anormalmente rígidos ou grossos). Animais com cardiomiopatia sofrem alterações cardiológicas que acabam levando a uma redução no fluxo sanguíneo dentro do coração, o que causa um "estagnação" do sangue nas câmaras cardíacas ocasionando a formação de coágulos (geralmente no lado esquerdo do coração). Estes coágulos, ou um fragmento destes, se soltam, caem na corrente sanguínea e percorrem o corpo até chegar a  um vaso de menor calibre. Lá, o trombo se fixa e bloqueia a passagem de sangue. Desta forma, todos os tecidos a partir deste ponto ficam com seu suprimento sanguíneo prejudicado. No caso dos gatos, o local onde isto ocorre com maior frequência é na trifurcação distal da artéria aorta, que é a porção em que se formam as artérias ilíacas, responsáveis pela irrigação dos membros posteriores. Eventualmente, porém de forma rara, os êmbolos podem bloquear outros vasos sanguíneos no cérebro, no trato gastrointestinal, nos pulmões, fígado ou nos rins.

Com a obstrução vascular e perda da irrigação da região posterior são manifestados os sintomas mais comumente observados:

- Dor;
- Palidez;
- Redução da sensibilidade;
- Paralisia;
- Déficit de pulso dos membros posteriores;
- Extremidades frias.

O tromboembolismo aórtico é mais comum em gatos machos, por estes serem mais predispostos à cardiomiopatia, e dentre as raças a abissínia se mostra mais suscetível, porém, animais de qualquer raça e sexo podem apresentar a doença. No tocante à idade, gatos de meia idade são mais predispostos, porém esta doença pode ocorrer em animais de qualquer idade. 

O tratamento de animais com tromboembolismo se baseia essencialmente no controle da dor, no manejo das alterações cardíacas associadas, uso de medicamentos para promover a dissolução do trombo e evitar que novos trombos de formem (anticoagulantes), estabilização fisiológica do paciente (hidratação venosa, uso de vasodilatadores e diuréticos, dentre outras medidas). 

O prognóstico é geralmente reservado, uma vez que apenas 35% dos animais que sofrem esta doença sobrevivem, e dentre estes há um severo risco da ocorrência de novos episódios.

A prevenção se dá essencialmente pelo diagnóstico precoce das doenças cardiológicas, monitorização e uso de anticoagulantes em animais portadores deste tipo de alteração.


Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário

Referências: 

_________: Tromboembolismo arterial nos gatos. Disponível em: http://www.instinto.pt/site/artigo.php?AGtTZAtela9Xr1tela9Xr1=ADNTM1RlCGQtela9Xr1

_________: Feline aortic thromboembolism. Disponível em: http://www.emergencyclinic.ca/feline-aortic-thromboembolism-2/

It, V., Mucha, C.J., Belerenian, G., Artese, J.M. Tromboembolismo Arterial Felino. Disponível em:  http://www.aamefe.org/trombo_art_fel.htm

Philip R Fox : Feline Thromboembolism - New Clinical Persopectives. disponível em: http://www.ivis.org/proceedings/wsava/2007/pdf/52_20070401192654_abs.pdf




3 comentários:

  1. Aconteceu exatamente isso com minha gata! Tudo o que está escrito aqui ela passou. Parece narração do que aconteceu com ela... Bem, ela faleceu! Minha doce mel... :'(

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  2. Lamentamos muito pela morte sede sua gatinha. Infelizmente esta é uma condição clínica muito grave, e com alta letalidade. É importante que se faça sempre um bom check-up nos animais para diagnosticar problemas como as alterações cardíacas que predispõem esta doença... : (

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  3. Está acontecendo isso com meu gato, ele ficou um mês assim e tinha suspeita de várias outras coisas mas agora descobriram que é isso. Irá iniciar o tratamento essa semana. Mesmo sem iniciar o tratamento com o remédio, ele já apresenta grande melhora, está comendo muito bem e as fisioterapias estão ajudando a dar uns passinhos e não sente mais dor. Temos chances dele viver e ter qualidade de vida? É possível que isso aconteça?

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