domingo, 4 de março de 2012

Por que os gatos ronronam?

Muitas pessoas não sabem porque os gatos domésticos ronronam , já houve uma cliente que trouxe um animal para uma consulta porque ele estava com um "barulho estranho" (o bichano estava apenas ronronando). Como veremos a seguir esta questão ainda não foi bem esclarecida, porém procurarei expor algumas teorias aceitas para este fenômeno.
Bem, inicialmente, não apenas o gato doméstico, mas também diversos pequenos felinos selvagens ronronam, já os grandes felinos não tem esta capacidade.
Para muitos criadores o ronronar é uma manifestação de alegria e contentamento dos gatos, hoje, sabe-se que sim, porém, não é só isto. Os gatos podem ronronar em outros momentos, teoricamente com diversas finalidades.
Alguns teóricos afirmam que, em caso de trauma ou doença, o ronronar favorece a formação óssea ou ainda atua na liberação de endorfinas, que atuam como um analgésico natural. Já as gatas em trabalho de parto ronronam, não se sabem se como mecanismo de relaxamento ou analgésico. Filhotes respondem ronronando quando sua mãe o faz, considera-se portanto um mecanismo de comunicação e interação, servindo ainda como uma mecanismo para que os filhotes se sintam mais tranquilos e seguros.
Gatos adultos ronronam na presença de seu cuidador e especialmente quando acariciados.
De um modo geral o ronronar ainda é um mistério, tanto em sua função quanto em sua origem.
há basicamente três teorias sobre o origem (fisiologia) do ronronar. a primeira aponta que estímulos nervosos atuariam sobre as cordas vocais e estruturas adjacentes fazendo-as vibrar. Neste caso, o diafragma atuaria empurrando o ar através deste sistema e provocando o som. Na segunda teoria o ronronar surge muito mais de alterações circulatórias, por meio da passagem de sengue por uma veia localizada no peito do animal. esta passagem geraria uma turbulência, amplificada pela ação dos músculos que estão à sua volta e  pelo diafragma. Uma terceira teoria afirma que o ronronar é uma ação voluntária, ou seja, os gatos ronronam quando querem. De qualquer forma este processo ainda não é bem explicado.
Um dica aos colegas veterinários, principalmente na execução de exame clínico: quando, muitas vezes o ronronar prejudica a auscultação colocar de uma bola de algodão umedecida com álcool próximo ao focinho do animal reduz bastante a vibração e o som, facilitando o exame, sei que isto funciona, por experiência própria. 

Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário


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sexta-feira, 2 de março de 2012

Displasia coxofemoral canina: conheça e previna!

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A displasia coxofemoral é um problema ortopédico, de caráter hereditário, que acomete a articulação do "osso da coxa" (fêmur) e a cavidade do quadril em que ele se encaixa (acetábulo), levando a uma sobrecarga e degeneração desta articulação. Pode ser uni ou bilateral, se ocorre em uma ou em ambas articulações.


Esta doença pode acometer todas as raças, porém sua ocorrência é mais comum em animais de raças de rápido crescimento (Pastor-Alemão, Rotweiller,  Labrador,  São Bernardo etc). 

Pode ser classificada em cinco categorias: "A", são animais normais, sem displasia, "B"animais com articulações próximas da normalidade, "C" displasia leve, "D", displasia moderada e "E", displasia grave.

Os sintomas geralmente começam a se manifestar já no primeiro ano de vida, a partir de 4 meses, porém, em alguns animais, estes podem surgir de forma mais tardia. as queixas mais comumente relatadas pelos proprietários e/ou observados são:
- Redução na atividade física (passa a ficar um maior período de tempo deitado);
- Dificuldade para se levantar;
- Resistência a atividade física (saltar, correr, subir escadas etc);
- Claudicação (coxeadura);
- Marcha saltitante;
- Dor;
- Atrofia do músculo da coxa.

Animais aparentemente saudáveis, e que não apresentem nenhum sintoma de displasia podem possuir esta doença em grau menos grave, e mesmo animais saudáveis, que não são displásicos podem ser portadores de genes determinantes de displasia coxofemoral.

O diagnóstico, apesar de ser possível uma boa avaliação clínica conforme a gravidade, é dado  por meio de um raio-x específico denominado "exame de displasia".

O tratamento da displasia coxofemoral pode conservativo (clínico), com uso de analgésicos complementados por exercícios de baixo impacto (especialmente natação), fisioterapia, acupuntura,   ou não conservativo (cirúrgico). No caso de procedimentos cirúrgicos há inúmeras técnicas que podem ir desde a remoção ou reposicionamento da cabeça do fêmur, e, em casos muito severos, colocação de próteses, dentre outra possibilidades cirúrgicas.

Algumas atitudes são importantes para se reduzir as complicações e as manifestações clínicas da displasia: 
- Controle do peso (para saber mais clique aqui);
- Evitar pisos lisos e/ou escorregadios;
- Evitar exercícios exagerados e/ou iniciados de forma precoce;
- Prevenir traumas e esforços exagerados.

Dado o seu caráter hereditário a prevenção deve se basear no controle reprodutivo, evitando-se que animais displásicos se reproduzam. Ao se adquirir um filhotes, solicite sempre que possível a radiografia e o laudo de displasia dos pais do filhote. Não adquira animais cujo um dos pais seja categorizados como "D" ou "E". 

E não custa nunca repetir: em caso de dúvidas, procure um veterinário de sua confiança. 

Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário


Imagens: 
01: http://www.portaldoscaes.com/images/rottweiler.jpg
02: Adaptado de: http://www.imgbox.de/users/Punix87/Huftgelenksdysplasie_3_Abbildungen.jpg