quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Parvovirose canina

Tenho atendido nos últimos dias vários casos de parvovirose canina então resolvi escrever este post para prestar alguns esclarecimentos sobre esta grave doença.
A Parvovirose canina é uma doença aguda (de início repentino), altamente contagiosa de canídeos em geral causada por um vírus (da família Parvoviridae) e que foi descrita pela primeira vez no início de 1970. No Brasil os primeiros relatos datam de 1980. Hoje esta doença possui distribuição mundial.
Suscetibilidade: Acomete canídeos domésticos e silvestres (cães domésticos, raposas, cães do mato, lobo-guará, etc). No caso dos cães domésticos há uma maior suscetibilidade (maior risco de contaminação) em cães das raças  rottweiler, doberman, pinscher, labrador, pastor alemão e pit bull. Outro importante fator de risco é a idade, uma vez que esta doença acomete principalmente filhotes. A ocorrência de verminoses ou de outras patologias podem agravar severamente o risco de contaminação e a gravidade da doença.
Transmissão: Parvovirus canino é altamente contagioso e mortal. Ele pode sobreviver por até um ano no ambiente contaminado ou em em objetos, como roupas, sapatos tigelas, brinquedos ou mesmo no chão. A infecção se dá pelo contato direto do animal com fezes, superfícies ou objetos contaminados.
Incubação: O período de incubação (que vai do contágio ao surgimento dos primeiros sintomas) é, em média de 3 a 4 dias.
Sintomas: Os principais sintomas da parvovirose são:
- Vômitos;
- Diarréia (muitas vezes com sangue e com odor fétido).
- Febre alta;

- Depressão;
- Falta de apetite;
- Desidratação severa.
Durante a fase aguda da doença são comuns também a ocorrência de infecções secundárias por bactérias e outros vírus.
Em alguns casos, especialmente filhotes com menos de 8 semanas o vírus pode também acometer o músculo cardíaco, neste caso, o filhote pode apresentar  dificuldade de respirar, batimentos cardíacos irregulares e fraqueza. 
Muitos cães acometidos podem também não apresentar sintomas, porém estes animais são competentes na transmissão da doença.
A letalidade é alta, alguns estudos apontam em torno de 80%, porém a gravidade depende muito do estado imunológico do seu animal.
Devido a gravidade, qualquer casos suspeito de parvovirose deve ser imediatamente encaminhado a um médico veterinário. a mote do animal pode ocorrer em questões de poucos dias ou mesmo de horas.
Tratamento: O tratamento é essencialmente sintomático, com reidratação, antibióticos para evitar infecções oportunistas e medicamentos de suporte. O animal deve ficar em isolamento, e não deve ter acesso a locais de difícil higienização (terra, gramados etc) para evitar a contaminação do ambiente. 
Prevenção: 
A vacinação (já escrevi uma postagem sobre este assunto, informe-se mais aqui) é o principal meio de prevenção da parvovirose. O filhote precisa tomar, inicialmente, três doses da vacina, com intervalos de 21 a 30 dias (conforme a vacina ou prescrição veterinária) e revacinação anual. Raças mais suscetíveis podem necessitar de uma quarta dose inicial.
Recomenda-se que cadelas sejam revacinadas no período de 1 a 2 meses antes de serem postas em reprodução, com isto aumenta-se os níveis de anticorpos no leite, conferindo maior proteção aos filhotes.
Filhotes devem evitar sair em público até que estejam com cerca de seis meses de idade, quando sua imunidade está plenamente desenvolvida.
Mesmo se um cão se recuperou de parvovírus, ele ainda pode excretar o vírus em suas fezes. Por esta razão, você não deve deixar seu cão cheirar e principalmente comer fezes de outro cão, já que esta é uma das formas mais comuns contaminação.
Evite que seu filhote tenha contato com outros cães, que não tenha acesso à rua como posto anteriormente.
O parvovirus é resistente à maioria dos desinfetantes comuns e ao calor. A desinfecção de ambientes e utensílios potencialmente contaminados deve ser feito com água sanitária (meio litro de água sanitária em 15 litros de água limpa) a qual deve ser mantida no ambiente por, no mínimo, 20 minutos. Após este tempo deve-se fazer o enxágue. 
Após a ocorrência de um caso, mesmo adotadas todas as medidas de desinfecção, recomenda-se um período de 30 dias para introdução de novos animais.


Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário

Imagens:
http://www.cutepuppiesforsale.net/wp-content/uploads/2010/04/Puppies-For-Sale-2.jpg http://www.stanford.edu/group/virus/parvo/2000/Canineparvo.jpg
http://www.bestvetstore.com/wp-content/uploads/2010/05/parvo-300x200.gif

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