sábado, 3 de dezembro de 2011

Epilepsia e convulsões em animais.

Epilepsia é uma das doenças que muitas pessoas estranham quando da sua ocorrência em animais. Pois é, animais também podem ter epilepsia, e esta é uma doença de ocorrência comum, sendo mais frequente em cães, principalmente das raças Pastor Alemão, Beagle, Dachshund, São Bernardo, Cocker Spaniel, Boxer, Husky Siberiano, Border Collie, Poodle Miniatura, Fox Terrier, Labrador Retriever e Golden Retriever são as mais comumente acometidas. As demais raças de cães e aqueles sem raça definida também podem desenvolver a doença embora com menor frequência. As convulsões normalmente iniciam-se entre 6 meses e 3 anos de idade, embora não sejam observadas até os 5 anos de idade. Esta doença é de menor ocorrência em gatos, não havendo, neste caso predileção racial.

Apesar de serem tratados ou compreendidos muitas vezes como sinônimos, estes termos, epilepsia e convulsão, são distintos. A epilepsia é uma disfunção do cérebro que cursa com descargas elétricas anormais e excessivas do cérebro do animal, já a convulsão é uma das manifestações clínicas, na verdade a principal e mais importante, da epilepsia, se caracterizando pela ocorrência contrações espontâneas e intensas da musculatura da cabeça, pescoço e membros. Assim vale ressaltar que na epilepsia sempre há convulsão, porém, nem toda convulsão é decorrente de epilepsia.

A epilepsia pode ser verdadeira, quando é decorrente de um problema hereditário, ou adquirida, geralmente relacionada a históricos de traumatismos, doenças, tumores etc. 

A convulsão, na epilepsia, apresenta as seguintes etapas:

Pródomo: o animal fica agitado, inquieto e inseguro. Esta fase pode durar algumas horas ou mesmo dias;

Aura:  é o início verdadeiro da convulsão. Geralmente, o  animal percebe que irá convulsionar e. ansioso procura se esconder ou ficar próximo do proprietário. 
Tanto o pródromo quanto a aura podem passar desapercebidos pelos proprietários, as quando o animal já é sabidamente epilético, o proprietário já percebe a aproximação de uma crise convulsiva.
Convulsão: pode ser generalizada, generalizada grave, parcial ou parcial generalizada
Na convulsão generalizada o animal apresenta contrações dos músculos da cabeça, pescoço e membros. Podem ocorrer vômitos, salivação, ansiedade. O estado de consciência é preservado. Geralmente de duração breve, às vezes menos de um minuto, porém em casos especiais pode durar até uma hora! 

A convulsão generalizada grave,  também chamada de "grande mal", pode ocorrer repentinamente. O animal cai inconsciente e seu corpo fica endurecido. Os olhos ficam arregalados, as pupilas dilatadas e a língua arroxeada. O animal baba excessivamente e pode chorar, defecar ou  urinar. A duração deste tipo de convulsão é de aproximadamente cinco  minutos.

A convulsão parcial pode não ter as duas fases anteriores (pródomo e aura), sua duração e período de recuperação são muito variáveis. As suas características também são variáveis. Os especialistas citam como convulsão parcial, as seguintes atitudes: correr histericamente de um 
lado para outro (sem objetivo), mastigar e engolir, repetidamente, (como se estivesse comendo ou bebendo), estalar a boca (como se estivesse chupando balas), gritar, dar sacudidelas de cabeça (como se estivesse espantando insetos ou com dor de ouvidos), movimentar involuntariamente os olhos (de um lado para o outro), contorcer a face, acessos de vômito e diarréia (sem doença), medo intenso (de coisas imaginárias), caçar moscas (que não existem no ambiente), contemplar estrelas (olhar fixamente para um ponto qualquer, como se estivesse vendo alguma coisa muito interessante), salivação abundante, caçar a cauda (rodar compulsivamente querendo pegar a ponta de seu próprio rabo), lamber repetidamente,  às vezes, até ferir, alguma parte de seu corpo, como patas e flanco e contrações isoladas de músculos do corpo.

A convulsão parcial generalizada é aquela que começa com uma convulsão parcial, como acima citado, e que, com  o decorrer do episódio, se generaliza. Às vezes, o animal levanta um membro ou contrai um músculo e em seguida convulsiona, com todo seu corpo.

Pós-convulsão: o animal se recupera e pode se apresentar de várias maneiras: triste, cansado, irritado. colérico. Muito ativo, desorientado, trêmulo, cambaleante, sonolento, sedento ou faminto. Esta fase pode durar de minutos a dias.

O que fazer durante uma crise convulsiva?

-  Observe o animal e evite que ele se machuque. 

-  Não é necessário puxar a língua do animal, a menos que ele a esteja mordendo e ferindo. Nesse caso, enrole um pano limpo e coloque entre os dentes dele para evitar que continue 
machucando a língua (nunca tente "puxar" a língua do animal).

-  Se o animal é saudável e não sofre de problemas cardíacos graves, não há risco de morte. Aguarde o ataque passar.

-  Caso o ataque tenha uma duração muito longa ou recomece, encaminhe o animal ao veterinário imediatamente, Neste caso transporte-o em uma superfície macia, preferencialmente em maca feita estendendo-se, segurando pelas pontas, uma toalha ou cobertor. 

-  Após retornar à consciência e estando recuperado, o animal pode beber e comer. Mas certifique-se de que ele esteja 100% consciente. Ofereça alimento em pequenas quantidades.

-  Cães e gatos epiléticos não devem ter acesso a áreas com piscina. Durante um ataque o animal pode cair dentro dela e se afogar. 

A avaliação da epilepsia e/ou da convulsão exige que o proprietário fornaça informações precisas sobre o evento, etão atente para as seguintes informações que devem ser repassadas a seu veterinário:

- Seu animal foi exposta a alguma substância tóxica? (inseticidas, rodenticidas (veneno para rato) etc);
- Quanto tempo durou a convulsão?( convulsões geralmente são rápidos, porém, na avaliação do proprietário, aqueles poucos segundos/minutos de angústia parecem uma eternidade, então, se possível marque com um relógio a duração da crise);
- Quando e em que circunstâncias os eventos ocorreram;
- Intervalos entre convulsões (se tiver ocorrido mais de um, claro!)
- Comportamento anormais antes ou após o evento;
- Procure descrever a convulsão: nível de consciência do animal, se defecou ou urinou etc.

Após avaliação clínica, solicitação de exames complementares, seu veterinário irá prescrever o tratamento mais adequado a seu animal.  A avaliação veterinária também é importante no monitoramento de animais e m tratamento e para diagnóstico eventual de outras causas de convulsão, que não a  epilepsia. 

A maioria dos casos de epilepsia pode ser controlada com sucesso, se seu animal pode ter uma vida normal, feliz e saudável.

Juracir Bezerra Pinho
Médico Veterinário

Imagem: http://blog.petmeds.com/wp-content/uploads/2009/10/epilepsy-dog-cat.jpg


Nenhum comentário:

Postar um comentário